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Nova exposição revela olhares sobre a cidade em gravuras

A mostra “Gravuras Urbanas” exibe obras de artistas locais que expressam suas relações com a cidade de Ponta Grossa.

 

Por Luísa de Andrade

Na noite de segunda-feira, dia 4 de agosto, o Acervo Municipal de Obras de Arte integrou ao seu espaço artístico a exposição “Gravuras Urbanas”. A mostra contempla ilustrações feitas com técnicas de xilogravura, produzidas pelos alunos-artistas da turma do Ateliê Gravuras Urbanas entre os anos de 2024 e 2025, ministradas pelos arte educadores do projeto Ellen Biora e Fernando Bertani.

A xilogravura é uma antiga técnica artística de origem chinesa, onde o artesão entalha o desenho em uma matriz de madeira, formando relevos. Em seguida, a matriz entalhada recebe tinta e é prensada em um material que realiza um carimbo da arte. O resultado do processo é a impressão da imagem invertida, exigindo atenção e precisão de quem produz.

Como principal eixo temático das obras, o cenário urbano foi escolhido para os alunos expositores criarem suas manifestações. “A gente procurou provocar nos artistas, através das aulas de campo que a gente fez, que eles olhassem para esse tema da vida urbana, da relação que as pessoas têm com a cidade e cada um trouxe a sua visão artística sobre esse tema, dentro dessa linguagem da gravura”, explica a arte educadora Ellen Biora. A democratização do acesso à arte de gravura é também uma das premissas do projeto. “Nem sempre é uma prática artística acessível nas escolas. Então, muitos artistas aqui tiveram esse primeiro contato com a arte aqui no curso. Alguns tiveram contato já na faculdade, como quem fez curso de artes visuais, mas nem todos são artistas de formação”, afirma a professora.

Com a proposta os aluno-artistas puderam expressar de maneira intimista suas relações com a cidade. A artista independente Tinta Preta, de 26 anos, expôs a obra “Caminho do Sol”, que traz como gravura a imagem de uma indígena. “Eu acho que eu estava muito com tecnologia ancestral na minha cabeça e aí eu fiz uma cabocla, né? É uma obra de uma cabocla. E a minha arte é expressionista, então eu apenas me expressei”, afirma.

Diego Henrique, conhecido artisticamente pelo nome de FogonoDiego, de 22 anos, se auto retratou em sua obra, adicionando elementos de bar, que leva o nome de “Um gole pro artista”. Segundo Diego a escolha do ambiente parte de sua relação pessoal com os bares da cidade e as relações humanas lá construídas. Diego relata que viu no projeto Gravuras Urbanas uma oportunidade de aprender uma nova técnica artística de interesse. “Eu também nunca estive num ambiente de aula relacionado à arte, além do que eu já tive no ensino médio. Então específico assim foi a primeira vez e foi muito atrativo para mim, por conta dessa questão da gravura, que é uma linguagem muito diferente”, completa. 

As obras também conquistaram o público visitante, que compartilharam a relevância e sensibilidade do movimento artístico para a cena cultural de Ponta Grossa. “Por conta da quantidade de reaça que tem nessa cidade e das pessoas que não apoiam a cultura, eu acho de extrema importância ter eventos assim, ter pessoas fazendo coisas, movimentando a arte da cidade para a gente realmente conseguir fazer um círculo de artistas e ter uma conversa entre todo mundo”, expressa a visitante, Monique dos Santos.

A mostra fica em exposição até o dia 30 de agosto. As visitações podem ser feitas de terça a sexta, das 9h às 21h e nos sábados das 9h às 18h. A entrada é franca.

O projeto Gravuras Urbanas é viabilizado pelo Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE) da Secretaria de Estado da Cultura e produzido por Ellen Biora, Inspire Projetos Criativos e Estratégia Projetos Criativos. Também tem apoio das empresas Copel e Continental. 

 

Crédito das imagens: Luísa de Andrade